Coleção BNM - Brasil Nunca Mais

Área de identificação

Código de referência

BR SPAEL BNM

Título

Brasil Nunca Mais

Data(s)

  • 1964 - 1979 (Produção)

Nível de descrição

Coleção

Dimensão e suporte

Iconográfico(s) -fotografia(s) - 249 item(ns)
Textual(is) -sem especificação - 175 m

Área de contextualização

Nome do produtor

(1921-2016)

Biografia

Nasceu no dia 14 de setembro de 1921, na distante Forquilhinha, no interior de Santa Catarina, o quinto filho dos agricultores Gabriel Arns e Helena Steiner. Ao todo, o casal teria 16 filhos, mas dois deles fariam parte da história do País: uma, a médica pediatra e sanitarista Zilda, a décima terceira da prole, que morreria aos 75 anos no terremoto do Haiti em 2010. E aquele quinto filho, Paulo Evaristo, que se tornaria um ícone dos direitos humanos e da luta pela democracia no Brasil, conhecido como o cardeal arcebispo de São Paulo Dom Paulo Evaristo Arns.

Frade franciscano, dom Paulo, que morreu em 2016 aos 95 anos, não só comandou por décadas a maior arquidiocese do País – até ser dividida, em finais dos anos 1980, pelo papa João Paulo II – como também foi o líder espiritual e, por que não? – físico do rebanho de ovelhas que não tinham voz nem liberdades, durante os anos de chumbo da ditadura militar. A cerimônia ecumênica que ele realizou em 1975 ao lado do pastor presbiteriano Jaime Wright e do rabino Henry Sobel em homenagem ao jornalista Vladimir Herzog – assassinado nos porões do DOI-Codi paulista – se tornou um marco em prol dos direitos humanos e na luta contra a truculência dos governantes de então. Mas dom Paulo foi além: ao lado de Wright, ele coordenou entre 1979 e 1985, de forma clandestina, o projeto Brasil: Nunca Mais, que tinha como objetivo evitar o possível desaparecimento, durante o processo de redemocratização do País, de documentos sobre a ditadura e sobre as violações cometidas nas duas décadas de regime militar. O projeto acabou gerando um livro basilar com o mesmo nome.

Nome do produtor

(1927-1999)

Biografia

Nascem em Curitiba, no dia 12 de julho de 1927, filho de missionários presbiterianos norte-americanos, Jaime Wright formou-se pela Universidade de Arkansas, e pós graduou-se na Pensilvânia, exerceu o ministério no interior da Bahia, destacando-se em Caetité, no final da década de 1960 e começo da seguinte. Ali marcou pelas denúncias contra desvios em órgãos do governo estadual, o que lhe valeu as primeiras perseguições por parte de um regime que não tolerava a exposição de suas mazelas. Na loja maçônica de Caetité, em 1968 fez a instituição aprovar uma declaração que condenava a transgressão aos direitos humanos.

Em 1973 seu irmão, Paulo Wright, deputado estadual cassado por Santa Catarina e militante de esquerda, desaparece nos porões da ditadura. Jaime parte, então, para uma luta que o fez reunir uma farta documentação sobre a tortura e assassinatos praticados pelo Estado. De forma secreta, une-se ao cardeal arcebispo de São Paulo Dom Paulo Evaristo Arns e ao Rabino Henry Sobel, que resultou em 1985 na publicação do livro Brasil: Nunca Mais – um marco na história dos direitos humanos no país, em que a tortura e os torturadores são expostos com base no farto material por ele reunido.

Nesta ocasião, por volta de 1974, Jaime Wright foi dos primeiros pastores a rebelar-se contra a postura do reverendo Boanerges Ribeiro que, de forma impositiva, emprestou apoio das entidades presbiterianas ao regime militar tendo participado da fundação de entidade dissidente, a FENIP, núcleo do qual originou-se a atual Igreja Presbiteriana Unida do Brasil.

Foram consultados mais de 700 processos, listados mais de 1.800 casos de tortura, e constatados o desaparecimento de 125 pessoas durante o período sombrio de 1964 a 1979. Engendrou o encontro de Dom Paulo com Jimmy Carter, onde foi entregue uma lista de desaparecidos políticos do regime ditatorial.

Seu nome figura dentre os brasileiros que mais contribuíram para que o país repudiasse a tortura, em nome da cidadania e dos direitos fundamentais do homem Escreveu o filme “O Punhal” em 1959, produzido em Itacira, município de Wagner (Bahia), pelo reverendo Ricardo William Waddel.

Morreu em 1999 em Vitória, no Espírito Santo, vítima de infarto. Em dezembro de 2012, o pastor Derval Dasilio lançou o livro “Jaime Wright – o pastor dos torturados”, que conta a história do pastor presbiteriano que denunciou as injustiças na época da ditadura militar no Brasil.

História arquivística

Doação-1987

Procedência

Arquidiocese de São Paulo (SP). Cúria Metropolitana - doação-1987

Área de conteúdo e estrutura

Âmbito e conteúdo

Cópias (706 totais e dezenas parciais) de processos de presos políticos do período da ditadura militar, depositados nos arquivos do Superior Tribunal Militar e Supremo Tribunal Federal, possibilitando conhecer a relação dos denunciados, indiciados, testemunhas e declarantes, funcionários encarregados e escrivães da Polícia Militar, médicos legistas e membros do Conselho de Justiça envolvidos nas ações de repressão aos movimentos de massa, diligências e investigações; informações sobre os réus e organizações visados pela repressão e sobre as leis repressivas e sobre materiais apreendidos em posse dos militantes ou em diligências às residências e aparelhos, anexados como “prova de subversão”. Estudos sobre a tortura no Brasil e no mundo, com quadros estatísticos, além da transcrição de depoimentos sobre tortura com informações sobre os mortos e desaparecidos políticos.

Avaliação, selecão e temporalidade

Ingressos adicionais

Não são esperadas novas incorporações.

Sistema de arranjo

Os processos estão identificados individualmente. As fotografias foram catalogadas a partir da identificação dos presos políticos e de alguns eventos. Os anexos estão organizados segundo o inventário disponível na sala de pesquisa. O projeto A está separado por assuntos e possui listagem.

Área de condições de acesso e uso

Condições de acesso

Condiçoes de reprodução

Idioma do material

  • português do Brasil

Script do material

Notas ao idioma e script

Características físicas e requisitos técnicos

Instrumentos de pesquisa

Área de fontes relacionadas

Existência e localização de originais

Superior Tribunal Militar e Supremo Tribunal Federal.

Existência e localização de cópias

Processos 1-707; Anexos 1-10170; FT/00001-FT/00239; 142 caixas e/ou pastas do "Projeto A"
Reproduções digitais dessa documentação encontram-se disponíveis eletronicamente no AEL Digit@l: https://www.ael.ifch.unicamp.br/ael-digital

Existem cópias em microfilme no Latin American Microform Project (LAMP), Chicago, EUA.

Ver também: Brasil: Nunca Mais Digital: http://bnmdigital.mpf.mp.br/pt-br/

Unidades de descrição relacionadas

Área de notas

Nota

A comparação entre os processos armazenados no AEL e os microfilmes em posse do Ministério Público Federal constatou que ambos são idênticos, portanto, as páginas e anotações faltantes, imagens ilegíveis e lombadas cortadas estão iguais nos microfilmes. Disponível integralmente no AEL Digital.

Identificador(es) alternativos

Pontos de acesso

Pontos de acesso de assunto

Pontos de acesso local

Ponto de acesso nome

Pontos de acesso de gênero

Área de controle da descrição

Identificador da entidade custodiadora

BR SPAEL BNM

Regras ou convenções utilizadas

Status

Final

Nível de detalhamento

Completo

Datas de criação, revisão, eliminação

Idioma(s)

  • português do Brasil

Fontes

Nota do arquivista

Descrição elaborada por Vânia R. P. de Miranda, técnica da Seção de Processamento Técnico do AEL, em 29 de julho de 2005. Revisado por Lívia Cristina Corrêa em 2020.

Zona da incorporação

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