Fundo/Coleção HS - Herbert de Souza

Área de identificação

Código de referência

BR RJCPDOC HS

Título

Herbert de Souza

Data(s)

  • 1954-1997 (Produção)

Nível de descrição

Fundo/Coleção

Dimensão e suporte

Bibliográfico(s) -sem especificação - 1088 item(ns)
Iconográfico(s) -cartão(ões)-postal(is) - 34 item(ns)
Iconográfico(s) -charge(s) - 38 item(ns)
Iconográfico(s) -desenho(s) - 35 item(ns)
Iconográfico(s) -fotografia(s) - 9 item(ns)
Iconográfico(s) -sem especificação - 31 item(ns)
Textual(is) -sem especificação - 11 m

Área de contextualização

Nome do produtor

(1935-1997)

História administrativa

A trajetória de militância de Betinho vem da adolescência, a partir do contato que travou com padres dominicanos que exerceram grande influência na Ação Católica, em Belo Horizonte. Betinho teve grande participação no movimento estudantil. Durante o curso secundário ingressou na Juventude Estudantil Católica (JEC) e depois, durante o período universitário, fez parte da Juventude Universitária Católica (JUC). Nesse momento, começou a viajar pelo Brasil nas caravanas do Centro Popular de Cultura (CPC) da União Nacional dos Estudantes (UNE).
Na Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), fez parte do núcleo que fundou a Ação Popular (AP), organização política fundada no fim de 1962, formada por católicos(as) determinados(as) a construir o socialismo no Brasil. Desde então, ficaram claros os princípios que marcariam seu discurso e suas ações.
Em 1962, formou-se em Sociologia e engajou-se na luta pelas chamadas reformas de base que marcaram o governo João Goulart. Ao mesmo tempo, exerceu funções de coordenação e assessoria no Ministério da Educação e Cultura –onde fez articulações a favor do projeto de alfabetização de pessoas adultas do então jovem professor pernambucano Paulo Freire – e na Superintendência de Reforma Agrária. Além disso, elaborou estudos sobre a estrutura social brasileira para a Comissão Econômica para a América Latina (Cepal), da Organização das Nações Unidas (ONU).
Depois do golpe de 1964, Betinho passou a atuar na resistência à ditadura militar. Perseguido pelo regime, ficou na clandestinidade. Continuou militando na AP e fez parte do movimento operário, passando a morar no ABC paulista. Em1971, quando a repressão intensificou-se, partiu para o exílio.
Morou primeiro no Chile, onde viviam cerca de 5 mil brasileiros e brasileiras articulados em mais de 40 grupos de esquerda. Deu aulas na Faculdad Latinoamericana de Ciencias Sociales, em Santiago, e atuou como assessor do presidente Allende, deposto em 1973 pelo general Augusto Pinochet com apoio da CIA. Conseguiu escapar do sangrento golpe asilando-se na embaixada do Panamá. Em 1974, já vivendo um processo de desengajamento da AP, foi para o Canadá e depois para o México, onde cursou o doutorado e deu novo rumo à sua história pessoal.
Durante o exílio, exerceu cargos de direção e consultoria em organizações como o Conselho Latino-americano de Pesquisa para a Paz (Ipra), a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e o Latin American Research Unit (Laru). Ainda no exílio, participou da criação do Centro de Estudos Latino-americanos, que produzia análises sobre a América Latina veiculadas em diversas publicações e até em audiovisuais. Era uma espécie de pré-Ibase, como gostava de dizer, comparando com o instituto que fundaria com os companheiros de exílio Carlos Afonso e Marcos Arruda, dois anos depois de voltar ao Brasil.
No fim da década de 1970, com o aumento das pressões para a abertura política no Brasil, o nome do irmão do Henfil tornou-se um dos símbolos da campanha pelo retorno das pessoas que haviam sido cassadas e exiladas, celebrizado nos versos da canção de Aldir Blanc e João Bosco, "O bêbado e o equilibrista".
Em 1979, com a anistia, voltou ao Brasil. Betinho trouxe do exterior a experiência de um novo modo de organização da sociedade civil que não passava pelos partidos políticos e pelos sindicatos. No início da década de 1980, fundou o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), instituição de caráter suprapartidário e supra-religioso dedicada a democratizar a informação sobre as realidades econômicas, políticas e sociais no Brasil, que presidiria até sua morte.
Betinho desempenhou papel decisivo como articulador da Campanha Nacional pela Reforma Agrária, congregando entidades de trabalhadores(as) rurais em busca de uma solução para a grave questão da distribuição, posse e uso da terra, um dos principais problemas estruturais dos países em desenvolvimento. Na luta pela democratização da terra, organizou, em 1990, o movimento Terra e Democracia, que levou ao Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro, milhares de pessoas.
Em 1985, Betinho soube que havia se infectado com o HIV numa das transfusões de sangue que precisava fazer periodicamente, em função da hemofilia. A inevitabilidade da doença sem cura o estimulou a abrir uma nova frente de luta. Em 1986, ajudou a fundar a Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (Abia), uma das primeiras e mais influentes instituições do país nessa área, da qual foi presidente durante 11 anos.
Em 1992, integrou a liderança do Movimento Pela Ética na Política, que culminou no impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello, em setembro do mesmo ano, e serviu de base para a maior mobilização da sociedade brasileira em favor das populações excluídas: a Ação da Cidadania contra a Miséria, a Fome e pela Vida.
Mostrou-se também um especialista no trato com a mídia, deixando suas ideias registradas em inúmeras entrevistas. Não foi por acaso que foi escolhido o Homem de Ideias 1993 pelo suplemento cultural do Jornal do Brasil. Betinho morreu aos 61 anos em sua casa, no bairro de Botafogo, Zona Sul do Rio de Janeiro, em 9 de agosto de 1997, um sábado à noite, cercado por amigos, amigas e parentes.

História arquivística

Parte do arquivo estava sob a guarda de sua esposa, Maria Nakano, e parte sob a guarda do IBASE.

Procedência

Nakano, Maria - doação - 15/03/2004

Área de conteúdo e estrutura

Âmbito e conteúdo

Os documentos textuais encontram-se organizados em séries temáticas e topológicas. SÉRIE ABIA e AIDS - constituída de seis dossiês, essa reúne a documentação referente à atuação de Betinho à frente da Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA), com documentos institucionais; documentos sobre a Casa do Hemofílicos e políticas públicas envolvendo a questão da AIDS; SÉRIE AÇÃO DA CIDADANIA CONTRA A FOME, A MISÉIRA E PELA VIDA(ACI) sobre a campanha "Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida, lançada em março de 1993, com o objetivo de tratar a fome de forma emergencial e envolvendo toda a sociedade na sua solução; SÉRIE EXÍLIO, com uma rica correspondência trocada entre Betinho e familiares, amigos e militantes políticos durante o período em que esteve no exílio (1964-1979 e correspondência de natureza acadêmica, trocada entre Betinho e intelectuais, professores e instituições estrangeiras, SÉRIE IBASE, com documentos administrativos e organizacionais, o material de imprensa e propaganda e os projetos e resultados de pesquisas desenvolvidas pelo Instituto e documentos relativos a temas caros à instituição, tais como política nacional, meio ambiente, infância, etc.; PRODUÇÃO INTELECTUAL com textos, artigos e projetos de autoria de Betinho e de terceiros sobre a realidade social e política brasileira durante as décadas de 1980 e 1990, o binômio democracia e desenvolvimento, o capital transnacional e a América Latina, a dívida externa, o papelda Igreja e dos cristãos na construção democrática, o papel das ONGs, e a crise do Estado Nacional, destacando - setexto de caráter autobiográfico; REFORMA AGRÁRIA, com documentos relativos a Campanha pela Reforma Agrária desenvolvida pelo IBASE, abordando temas como a violência no campo, denúncias de violências contra populações indígenas, atuação de grupos conservadores contra os trabalhadores rurais e agricultores pobres, legislação sobre reforma Agrária, etc., documentação relativa à ação governamental nesse setor e eventos realizados pela Campanha da Reforma Agrária, entre outros, VIDA PRIVADA, com documentos relativos à vida privada do Betinho, como documentos de identificação, currículos, prêmios e homenagens , documentação médica, correspondência familiar e pessoal, enviada e recebida em períodos anterior e posterior ao exílio, e documentos relativos à morte de seus dois irmãos, Henfil e Chico Mário; DIVERSOS, como textos, projetos leis, charges e poemas sobre temas diversos entre os quais cultura, violência, luta pelos direitos humanos, meio ambiente e educação, particularmente alfabetização de adultos; DOCUMENTOS COMPLEMENTARES com a documentação acumulada pela família após a morte de Betinho, sobretudo relativa à homenagens que lhe foram prestadas.

Avaliação, selecão e temporalidade

Ingressos adicionais

Sistema de arranjo

Organizado totalmente

Organização
O fundo encontra-se organizado em 10 séries: ABIA e AIDS; Ação da cidadania contra a fome, a miséria e pela vida(subséries Projetos temáticos; Ação governamental; Iniciativas da Sociedade; Registros da Campanha; Correspondência; e Comitês de Empresas Públicas - COEP); Exílio (subséries Correspondência geral e Correspondência por correspondentes) ; IBASE (subséries Institucional e Temática); Produção intelectual; Reforma agrária; Vida privada; Diversos; Documentos complementares; Recortes de Jornais; Fotografias e Bibliográficos.

Área de condições de acesso e uso

Condições de acesso

Condiçoes de reprodução

Os documentos textuais e bibliográficos podem ser reproduzidos por via eletrostática, fotográfica ou digital; os documentos iconográficos podem ser reproduzidos por meio fotográfico ou digital. No caso das fotos é necessária a assinatura de um “termo de cessão de uso de imagens”.

Idioma do material

  • português do Brasil

Script do material

Notas ao idioma e script

Características físicas e requisitos técnicos

Instrumentos de pesquisa

ACCESSUS. Sistema on-line in http://www.cpdoc.fgvf.br - Não definido

CENTRO DE PESQUISA E DOCUMENTAÇÃO DE HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA DO BRASIL. Guia de fundos. - Não definido

Área de fontes relacionadas

Existência e localização de originais

Existência e localização de cópias

Unidades de descrição relacionadas

Descrições relacionadas

Nota de publicação

PANDOLFI, Dulce; HEYMANN, Luciana (org). Um abraço, Betinho. Rio de Janeiro: Garamond, 2005. 258p. il. - Não definido

Área de notas

Nota

Identificação

Notação Anterior
BR RJCPDOC,XX HS

Nota

Estado de Conservação
2008 - Bom

Nota

Responsável da descrição
Célia Maria Leite Costa
Luciana Heymann

Identificador(es) alternativos

Pontos de acesso

Pontos de acesso de assunto

Pontos de acesso local

Ponto de acesso nome

Pontos de acesso de gênero

Área de controle da descrição

Identificador da entidade custodiadora

BR RJCPDOC

Regras ou convenções utilizadas

Status

Final

Nível de detalhamento

Completo

Datas de criação, revisão, eliminação

Idioma(s)

  • português do Brasil

Fontes

CENTRO DE PESQUISA E HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA DO BRASIL – CPDOC. Metodologia de organização de arquivos pessoais: a experiência do CPDOC. 4 ed. Revista e atualizada. Rio de Janeiro: Ed. Fundação Getúlio Vargas,1998. 104p. -Não definido

Nota do arquivista

Crédito
Anna Carolina de Oliveira Meirelles
Helena Vieira de Souza
Daiana de Oliveira Maia

Zona da incorporação

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