Coleção TC - Moacyr Domingues

Em 2004 e 2005, quando as descrições das coleções foram revisadas, verificou-se que o acervo denominado Muckers continha documentos não relacionados à Revolta dos Muckers. Optou-se por denominá-lo Moacyr Domingues, uma vez que este historiador foi quem colecionou e doou ao Arquivo Nacional os documentos que o integram. Até setembro de 2013, contudo, em SIAN, o registro deste acervo constou como Muckers. A denominação Muckers passou, então, a ser recuperada em variações de título, na Área de Notas.

Moacir Domingues, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, do Instituto Histórico de São Leopoldo (RS) e diretor do Arquivo Histórico do Rio Grande de Sul, publicou, em 1977, A nova face dos Muckers, sobre a revolta ocorrida entre 1872 e 1874, no Rio Grande do Sul.
Mucker, palavra alemã cuja tradução para o português é beato, é a denominação consagrada na historiografia para o movimento desencadeado no vale do Sinos, região de colonização alemã. Jacobina Mentz e João Jorge Maurer, casal que vivia em São Leopoldo, lideravam camponeses pobres no morro Ferrabraz, e se reuniam para uma leitura radical da Bíblia e beberagem de remédios considerados milagrosos, ministrados por João Maurer. Jacobina era vista como “a
reencarnação de Cristo”. As denúncias contra essa prática religiosa começaram em 1873, por meio de um abaixo-assinado dos opositores da comunidade teuta chamados Spotters. O casal foi preso, mas posto em liberdade pouco depois, com o compromisso de não mais promover reuniões. Todavia, Jacobina e João Jorge radicalizaram seu comportamento, executando seus opositores. Foram, então, acusados judicialmente por atentados e assassinatos. O Exército, convocado para substituir a polícia, sufocou a revolta após três combates, mesmo com a perda de seu comandante, coronel Gesuino Sampaio. Jacobina Mentz, traída por um ex-seguidor, foi chacinada no morro Ferrabraz, Sapiranga (RS) e os sobreviventes presos e processados.