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Registro de autoridade

Família Pedro Ernesto

  • Dado não disponível
  • Família
  • 1884-1998

Pedro Ernesto Batista nasceu em Recife no dia 25 de setembro de 1884, filho de Modesto do Rego Batista e de Maria Adelina Siqueira e Silva. Formado em medicina pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em 1908, fundou a Casa de Saúde Pedro Ernesto em 1918 que depois se transformou no hospital do Instituto de Assistência dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro (IASERJ).

Ingressou na política participando do movimento tenentista e apoiando a candidatura de Getúlio Vargas para a presidência da República. Após a vitória da Revolução de 1930, foi presidente do “Clube 3 de Outubro” e nomeado interventor do Distrito Federal de 1931 a 1934. Depois prefeito do Distrito Federal de 1935 a 1936. Preso em 1936, após o levante comunista de novembro de 1935, foi julgado pelo Tribunal de Segurança Nacional (TSN), em 07 de maio de 1937, e condenado à pena de três anos e quatro meses de prisão. Ao ser absolvido e solto pelo Supremo Tribunal Militar (STM), em 13 de setembro de 1937, foi detido em Minas Gerais e posto em prisão domiciliar até 1938, juntamente com seu filho Odilon Batista, quando seguiam para o exílio na Argentina. Foi membro efetivo da Academia Nacional de Medicina e do Colégio Americano dos Cirurgiões, além de membro honorário da Academia Francesa de Medicina.

Era casado com Maria Evangelina Duarte Batista e pai de Odilon Duarte Batista e Yolanda Batista Lemos. Faleceu no Rio de Janeiro em 10 de agosto de 1942.

Odilon Duarte Baptista, nasceu no Rio de Janeiro, em 26 de outubro de 1910, filho de Pedro Ernesto e de Maria Evangelina Duarte Batista. Formou-se, em 1932, pela Faculdade de Medicina da Universidade do Brasil, atual UFRJ. Iniciou suas atividades profissionais na Casa de Saúde Pedro Ernesto. Em 1933, foi nomeado para o quadro de médicos da Colônia Juliano Moreira e do recém-criado Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos (IAPM). Três anos depois, devido à sua participação na Aliança Nacional Libertadora (ANL), foi preso e demitido do IAPM e do Ministério da Educação, ao qual se subordinava a Colônia Juliano Moreira. Em 1938, retornou ao IAPM, passando então a chefiar o Centro Cirúrgico, atividade que exerceu até 1964, quando todos os chefes de clínica do Hospital dos Marítimos foram destituídos de seus cargos. Foi, em 1953 e 1954, presidente da Associação Médica do Distrito Federal (AMDF). Além das atividades de caráter sindical, atuou em diversos movimentos políticos, tendo pertencido ao Conselho Mundial da Paz. Morreu em 1998. (fonte: http://basearch.coc.fiocruz.br/index.php/odilon-baptista)

Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários IAPI

  • Dado não disponível
  • Entidade coletiva
  • 1936-1966

Em 1930, o presidente da República Getúlio Vargas suspendeu as aposentadorias das Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAPS), criadas pela Lei Elói Chaves de 1923, durante seis meses e promoveu uma reestruturação que acabou por substitui-las por Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPAS), que eram autarquias de nível nacional centralizadas no governo federal; dessa forma, a filiação passava a se dar por categorias profissionais, diferente do modelo das CAPS, que se organizavam por empresas.

O Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários (IAPI) foi criado durante o governo Vargas, pela Lei n. 367, de 31 de dezembro de 1936.

Em seu artigo 1º, estabelece sua subordinação ao “Ministério do Trabalho Indústria e Comércio, por intermédio do Conselho Nacional do Trabalho, o Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários com sede na Capital Federal e tendo por fim principal conceder aposentadoria aos seus associados e pensão aos respectivos beneficiários.”

Garantindo também a assistência médica, cirúrgica e hospitalar de seus associados por meio de contribuição própria.

Financiava igualmente projetos de habitação popular para seus associados.

Foi extinto pelo Decreto-lei n. 72, de 21 de novembro de 1966, que, unifica os Institutos de Aposentadoria e Pensões e cria o Instituto Nacional de Previdência Social.

Academia Brasileira de Letras

  • Dado não disponível
  • Entidade coletiva
  • 1896 -

A história da criação e formação do Arquivo da ABL aparece, basicamente, em algumas falas de acadêmicos nas sessões plenárias iniciais, ditas Preparatórias (1896), e registradas nas Atas da Casa. No entanto, a primeira referência direta à estruturação de um arquivo na ABL aparece na Ata de 9 de dezembro de 1926, quando o acadêmico Constâncio Alves propôs que fosse criado o cargo de arquivista, independente das funções do bibliotecário. Mais tarde, na sessão de 16 de dezembro de 1943, quando a ordem do dia era a “discussão do Projeto de Reforma do Regimento Interno” da ABL, o Sr. Múcio Leão, referindo-se à necessidade de dar-se definitiva organização aos arquivos da Academia, apresenta uma emenda para ser aditada ao Projeto que estabelece, entre outras, normas para a eleição do diretor do Arquivo e a sua competência. O Projeto de Reforma do Regimento Interno foi aprovado, por unanimidade, na sessão do dia 23 de dezembro de 1943. Alguns anos mais tarde, na sessão de 23 de dezembro de 1948, o acadêmico Múcio Leão é reeleito diretor do Arquivo, cargo que ocupou até o seu falecimento, em 12 de agosto de 1969, portanto, por 26 anos consecutivos. No dia 30 de dezembro de 1969, quatro meses após a morte deste grande Acadêmico, realizou-se a Sessão Pública para a posse da Diretoria de 1970. Nesse dia, o presidente, acadêmico Austregésilo de Athayde, ao ler o relatório da Diretoria e o programa para o ano de 1970, indicou o nome de Múcio Leão, a ser “dado a tão importante departamento da Academia Brasileira de Letras”. Em consulta às atas da Academia, constatamos que o Arquivo já funcionou em uma das salas do porão do Petit Trianon – Salão Medeiros e Albuquerque. O projeto para a revitalização e reorganização do Arquivo da ABL foi desenvolvido a partir de fevereiro de 1997, quando se iniciaram os primeiros levantamentos do acervo. A partir desse momento, o Arquivo ganhou instalações apropriadas e modernas, compraram-se equipamentos condizentes com a nova realidade, foi instalado o Núcleo de Conservação e Higienização de Documentos e passou a ser administrado apenas por profissionais com formação de nível superior em Arquivologia. Consequentemente, estabeleceram-se rotinas e normas referentes ao recebimento, tratamento e disponibilização do acervo para consulta; criaram-se programas de esclarecimento aos demais funcionários da ABL sobre a importância e o cuidado para com o acervo e foi dada a oportunidade, para os funcionários e estagiários do Arquivo, de participarem de programas de reciclagem e aprimoramento. O Arquivo da ABL guarda a documentação da própria instituição – arquivo institucional (AI) – e documentação dos acadêmicos (AA), referente à vida de cada um deles. O AI é da é composto pelos documentos produzidos pela atividade-meio (administrativa) e atividade-fim (funcional). O conjunto de documentos possui um ciclo de vida organizado pelas três idades: corrente, intermediário e permanente.

Abreu, Casimiro José Marques de

  • Dado não disponível
  • Pessoa
  • 1839 - 1860

Casimiro José Marques de Abreu nasceu em 1839 no Rio de Janeiro, onde morreu em 1860. Foi membro da Academia Brasileira de Letras e poeta romântico. Escreveu a maior parte de sua obra nos quatro anos vividos em Portugal, destacando-se \"Canções do Exílio\" (1854) e \"Primavera\" (1859).

Academia Nacional de Medicina

  • Dado não disponível
  • Entidade coletiva
  • 1829 -

A história da Academia Nacional de Medicina confunde-se com a história do Brasil e é parte integrante e atuante na evolução da prática da medicina no país. Fundada sob o reinado do imperador D. Pedro I, em 30 de junho de 1829, mudou de nome duas vezes, mas seu objetivo mantém-se inalterado: o de contribuir para o estudo, a discussão e o desenvolvimento das práticas da medicina, cirurgia, saúde pública e ciências afins, além de servir como órgão de consulta do Governo brasileiro sobre questões de saúde e de educação médica.

Desde a sua fundação, seus membros se reúnem toda quinta-feira, às 18h para discutir assuntos médicos da atualidade, numa sessão aberta ao público. Esta reunião faz da Academia Nacional de Medicina a mais antiga e única entidade cultural e científica a reunir-se regular e ininterruptamente por tanto tempo. A Academia também promove congressos nacionais e internacionais, cursos de extensão e atualização e, anualmente, durante a sessão de aniversário, distribui prêmios para médicos e pesquisadores não pertencentes aos seus quadros.

Albuquerque, Antônio Francisco de Paula e Holanda Cavalcanti

  • Dado não disponível
  • Pessoa
  • 1797 - 1863

Documentos produzidos e acumulados por Antônio Francisco de Paula e Holanda Cavalcante de Albuquerque e seus filhos Luís Holanda Cavalcante de Albuquerque e Manuel Artur de Holanda Cavalcante de Albuquerque.
Antônio Francisco de Paula e Holanda Cavalcante, visconde de Albuquerque, nasceu em Pernambuco em 1797 e faleceu no Rio de Janeiro, em 1863. Foi ajudante de ordens do governador em Moçambique (1813). Nomeado para Escola Real de Pilotos em Macau (1819) e sargento-mor do Batalhão do Príncipe Regente. Voltou ao Brasil em 1824 e combateu a Confederação do Equador. Reformou-se em 1832. Foi deputado e senador (1838), ministro da Fazenda (1830, 1846, 1862), da Justiça (1839) e da Marinha (1844), conselheiro de Estado (1850), dignatário da Ordem do Cruzeiro e cavaleiro da Ordem de Cristo.

Almeida, Luís Fernando Carvalho de

  • Dado não disponível
  • Pessoa
  • 1960 -

Luiz Fernando Carvalho (Rio de Janeiro, 28 de julho de 1960) é um cineasta e diretor de televisão brasileiro, conhecido por trabalhos com forte relação com a literatura e que representam uma renovação para a estética do audiovisual brasileiro. O diretor já levou para as telas obras de Ariano Suassuna, Raduan Nassar, Machado de Assis, Eça de Queirós, Roland Barthes, Clarice Lispector, Milton Hatoum, José Lins do Rego, Graciliano Ramos, entre outros.

Alguns críticos aproximam as realizações de Luiz Fernando Carvalho ao movimento do Cinema Novo brasileiro e a diretores ícones da história do cinema: Luchino Visconti e Andrei Tarkovski. A experimentação visual e de linguagem é uma das características de sua obra, bem como a investigação da multiplicidade da identidade cultural do Brasil. Constituem elementos da poética do diretor: o estilo barroco de sobreposições e cruzamentos entre gêneros narrativos, a relação com a instância do Tempo, os símbolos arquetípicos da Terra e a reflexão sobre a linguagem do melodrama social e familiar.
Os trabalhos com assinatura do cineasta foram sucesso tanto de crítica quanto de público. Dirigiu o filme Lavoura Arcaica (2001), baseado no romance homônimo de Raduan Nassar, apontado pelo crítico Jean-Philippe Tessé, na revista francesa Cahiers du Cinéma, como "uma promessa fundadora de renovação, de uma palpitação inédita no cinema brasileiro desde Glauber Rocha" e ganhou mais de 50 prêmios nacionais e internacionais. As novelas Renascer (1993) e O Rei do Gado (1996), de autoria de Benedito Ruy Barbosa e com direção de Luiz Fernando Carvalho, são reconhecidas como marcos para a teledramaturgia brasileira e figuram entre as maiores audiências da década de 1990.
Na televisão, as obras do diretor se contrastam: do pop do design dos anos 60 na série Correio Feminino (2013) ao rigor clássico da minissérie Os Maias (2001), das referências urbanas da periferia na minissérie Suburbia (2012) ao lúdico da novela Meu Pedacinho de Chão (2014), da pesquisa estética do Sertão na novela Velho Chico (2016) ao conto de fadas brasileiro da minissérie Hoje é Dia de Maria (2005) e ao universo realista da tragédia familiar Dois Irmãos (2017).
O processo de realização do diretor é notório por identificar novos talentos em todo o país e formar atores, revelando nomes que se tornaram astros da dramaturgia, como Leticia Sabatella, Eliane Giardini, Bruna Linzmeyer, Johnny Massaro, Irandhir Santos, Simone Spoladore, Caco Ciocler, Marcello Antony, Marco Ricca, Isabel Fillardis, Giselle Itié, Emilio Orciollo Netto, Sheron Menezes, Jackson Antunes, Maria Luisa Mendonça, Eduardo Moscovis, Jackson Costa, Leonardo Vieira, Cacá Carvalho, Luciana Braga, Julia Dalavia, Renato Góes, Cyria Coentro, Marina Nery, Júlio Machado, Bárbara Reis, Lee Taylor, Zezita de Matos, Mariene de Castro e Lucy Alves, entre outros. O trabalho de preparação de atores do diretor resultou num método que foi registrado no livro “O processo de criação dos atores de Dois Irmãos”, do fotógrafo Leandro Pagliaro.

União Nacional dos Estudantes (Brasil)

  • Dado não disponível
  • Entidade coletiva
  • 1937 -

No dia 11 de agosto de 1937, na Casa do Estudante do Brasil, no Rio de Janeiro, o então Conselho Nacional de Estudantes conseguiu consolidar o grande projeto, já almejado anteriormente algumas vezes, de criar a entidade máxima do estudantes. Reunidos durante o encontro, os jovens a batizam como União Nacional dos Estudantes (UNE). Desde então, a UNE começou a se organizar em congressos anuais e a buscar articulação com outras forças progressistas da sociedade. O primeiro presidente oficial da entidade foi o gaúcho Valdir Borges, eleito em 1939.

Os primeiros anos da UNE acompanharam a eclosão do maior conflito humano da história, a segunda guerra mundial. Os estudantes brasileiros, recém-organizados, tiveram ação política fundamental no Brasil durante esse processo, opondo-se desde início ao nazi-fascismo de Hitler e pressionando o governo do presidente Getúlio Vargas a tomar posição firme durante a guerra. Entraram em confronto direto com os apoiadores do fascismo, que buscavam maior espaço para essa ideologia no país. No calor do conflito, em 1942, os jovens ocupam a sede do Clube Germânia, na Praia do Flamengo 132, Rio de Janeiro, tradicional reduto de militantes nazi-fascistas. No mesmo período, o Brasil entrava oficialmente na guerra contra o Eixo, formado por Alemanha, Itália e Japão. Naquele mesmo ano, o presidente Vargas concedeu o prédio ocupado do Clube Germânia para que fosse a sede da União Nacional dos Estudantes. Além disso, pelo decreto-lei n. 4080, o presidente oficializou a UNE como entidade representativa de todos os universitários brasileiros.

Anos 50 e início da década de 60
Após a Guerra, a UNE fortaleceu a sua participação e posicionamento frente aos principais assuntos nacionais, fortalecendo o movimento social brasileiro em ações como a defesa do petróleo, que começava a ser mais explorado no país. Após a promulgação da Constituição de 1946, foi travado um grande debate entre os que admitiam a entrada de empresas estrangeiras para a extração, e os que defendiam o monopólio nacional. A UNE foi protagonista nesse momento com a campanha “O Petróleo é Nosso”. A luta prosseguiu até 1953, quando se deu a criação da Petrobras.

Durante os anos 50, houve muita disputa pelo poder na entidade, um embate diretamente ligado aos principais episódios políticos do país como a crise política do governo Vargas que levaria ao suicídio deste presidente em 1954. Após o governo de Juscelino Kubitschek, foram eleitos Jânio Quadros e João Goulart, o Jango. Nesse período a União Nacional dos Estudantes e outras grandes instituições brasileiras formaram a Frente de Mobilização Popular. A UNE defendia mudanças sociais profundas, dentre elas, a reforma universitária no contexto das reformas de base propostas pelo governo.

A renúncia de Jânio Quadros em 1961 e a turbulência acerca da posse do vice João Goulart fizeram a UNE transferir momentaneamente sua sede, no ano 1961, para Porto Alegre. Ali, os estudantes tiveram atividade vital na chamada Campanha da Legalidade, movimento de resistência para garantir que Jango fosse empossado. Quando conseguiu chegar o poder, o presidente foi o primeiro da história a visitar a sede da UNE, já no Rio de Janeiro. Desde aquele período, crescia a tensão entre os movimentos sociais e os grupos conservadores da sociedade, entre eles os militares, que tentavam intimidar e coibir as ações da UNE.

Em 1962, a UNE lançou um projeto ousado, a mobilização a partir de caravanas que rodariam o Brasil. A primeira delas, que aconteceu naquele ano, foi a UNE Volante, que, em conjunto com o Centro Popular de Cultura (CPC) da UNE, contribuiu para consolidar a dimensão nacional da entidade em todo o território do Brasil. Durante dois meses, a UNE foi ao encontro de estudantes de várias partes do país para debater a necessidade das reformas e entender a realidade brasileira com seus contrastes e potencialidades. Em 1964, o presidente da UNE José Serra foi um dos principais oradores do comício da Central do Brasil, que defendia as reformas sociais no país e foi um dos episódios que antecederam o golpe militar.

A ditadura militar de 1964 a 1985
A primeira ação da ditadura militar brasileira ao tomar o poder em 1964 e depor o presidente João Goulart foi metralhar, invadir e incendiar a sede da UNE, na Praia do Flamengo 132, na fatídica noite de 30 de março para 1º de Abril. Ficava clara a dimensão do incômodo que os militares e conservadores sentiam em relação à entidade. A ditadura perseguiu, prendeu, torturou e executou centenas de brasileiros, muitos deles estudantes. O regime militar retirou legalmente a representatividade da UNE por meio da Lei Suplicy de Lacerda e a entidade passou a atuar na ilegalidade. As universidades eram vigiadas, intelectuais e artistas reprimidos, o Brasil escurecia. Em 1966, um protesto em Belo Horizonte na Faculdade de Direito é brutalmente reprimido. No mesmo ano, também na capital mineira, a UNE realiza um congresso clandestino porão de uma igreja. Já no Rio de Janeiro, na Faculdade de Medicina da UFRJ, a ditadura reprimi com violência os estudantes no episódio conhecido como Massacre da Praia Vermelha.

Apesar da repressão, a UNE continuou a existir nas sombras da ditadura, em firme oposição ao regime, como aconteceu no ano de 1968, marcado por revoluções culturais e sociais em todo o mundo. Foi quando estudantes e artistas engrossaram a passeata dos Cem Mil no Rio de Janeiro, pedindo democracia, liberdade e justiça. No entanto, os militares endureciam a repressão em episódios como o assassinato do estudante secundarista Édson Luis e a invasão do Congresso da UNE em Ibiúna (SP), com a prisão de cerca de mil estudantes. No fim do mesmo ano, a proclamação do Ato Institucional número 5 (AI-5) indicava uma violência ainda maior.

Nos anos seguintes, a ditadura torturou e assassinou estudantes como a militante Helenira Rezende e o presidente da UNE, Honestino Guimarães, perseguido e executado durante o período de clandestinidade da entidade. Mesmo assim, o movimento estudantil continuou nas ruas, como nos atos e missa de 7º dia da morte do estudante da USP, Alexandre Vannucchi Leme, em 1973.

Ao final dos anos 70, com os primeiros sinais de enfraquecimento do regime militrar, a UNE começou a se reestruturar. O Congresso de reconstrução da entidade aconteceu Salvador, em 1979, reivindicando mais recursos para a universidade, defesa do ensino público e gratuito, assim como pedindo a libertação de estudantes presos do Brasil. No início dos anos 80, os estudantes tentaram também recuperar sua sede na Praia do Flamengo, mas foram duramente reprimidos e os militares demoliram o prédio.

Diretas Já e Fora Collor
Com o fim da ditadura militar, o movimento estudantil voltou às ruas para defender suas bandeiras históricas e a consolidação da democracia no país. Em 1984, a UNE participou ativamente da Campanha das “Diretas Já”, com manifestações e intervenções importantes nos principais comícios populares daquele período. A entidade também apoiou a candidatura de Tancredo Neves à Presidência da República. Em 1985, foi aprovado pelo Congresso Nacional o projeto, de autoria do deputado e ex-presidente da UNE Aldo Arantes, que trazia a entidade de volta para a legalidade.

Durante as eleições de 1989, a UNE se posicionou contra o projeto defendido pela candidatura de Fernando Collor de Melo, criticando seu aspecto neoliberal e distante das reformas históricas defendidas pelo movimento social. Quando o presidente envolveu-se em escândalos sucessivos de corrupção, o movimento estudantil teve papel predominante na mobilização dos brasileiros com o movimento dos jovens de caras pintadas na campanha “Fora Collor”. Em 1992, após enormes manifestações estudantis com repercussão em todo o país, o presidente renunciou ao cargo para não sofrer processo de impeachment pelo Congresso Nacional.

A UNE e a nova democracia brasileira
Após as turbulências da redemocratização do Brasil, o movimento estudantil passou a conviver, a partir de 1994, com novos desafios em um período de maior estabilidade política. Durante o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, que ganhou duas eleições seguidas, as principais pautas dos estudantes foram a luta contra o neoliberalismo e a privatização do patrimônio nacional. Foi uma época de embate do governo federal com os movimentos sociais, marcando o período de menor diálogo e negociação da UNE com o poder executivo na história, à exceção do regime militar.

A UNE posicionou-se firmemente contra a mercantilização da educação, promovida pela gestão FHC. Durante seu governo, foram privilegiadas as instituições particulares de ensino, com o sucateamento das universidades públicas e atrito constante com professores, funcionários e estudantes das federais de todo o país. Outras bandeiras da UNE foram contra os abusos nas mensalidades do ensino particular e contra o Provão, sistema de avaliação institucional aplicado sobre as universidades brasileiras. O ano de 1999 marca a retomada do trabalho cultural da entidade com a realização da 1ª Bienal da UNE. No mesmo ano, o presidente cubano Fidel Castro participa do congresso da UNE em Belo Horizonte, no ginásio do Mineirinho. Já em 2001, é lançado o Circuito Universitário de Cultura e Arte (CUCA) da UNE.

Em 2002, uma grande coalizão das forças populares e democráticas do Brasil conduziu o metalúrgico e sindicalista Luís Inácio Lula da Silva à presidência do país. Os estudantes apoiaram a candidatura Lula após um plebiscito nas universidades. Durante a gestão do novo presidente, que também seria reeleito como seu antecessor, os estudantes reabriram o canal histórico de interlocução com o governo federal. Assim como Jango, Lula, por duas vezes, visitou pessoalmente a sede da UNE na mesma Praia do Flamengo 132.

A UNE avançou em suas reivindicações, defendendo a reforma universitária, com aumento do acesso e permanência dos jovens brasileiros no ensino superior. Em 2004, foram realizadas duas caravanas da UNE por diversos estados do país levando aos estudantes temas como a própria reforma e também a cultura. Foram elas a “Caravana UNE pelo Brasil” e a “Caravana Universitária de Cultural e Arte – Paschoal Carlos Magno”. O resultado da atuação da entidade e do debate sobre a reforma foi a criação, junto ao governo federal, de programas como o ProUni, que garante bolsas em universidades particulares para estudantes de baixa renda, e o Reuni, programa de expansão das vagas em universidades públicas. Em 2005, o estudante paulista Gustavo Petta se tornou o primeiro presidente reeleito da UNE.

Em 2007, após uma grande manifestação no Rio de Janeiro, os estudantes ocuparam o terreno de sua antiga sede, na Praia do Flamengo, que havia sido demolido pela ditadura militar e estava de posse de um estacionamento clandestino. Após a ocupação e com a montagem de um acampamento que se prolongou por meses, a UNE ganhou na justiça a posse do local e, alguns anos depois, o reconhecimento completamente unânime do Congresso Nacional de que o Estado brasileiro tinha uma dívida com os estudantes pela invasão, incêndio e demolição da sua sede. Em 2010, um dos últimos atos do presidente Lula no cargo foi inaugurar, no local, as obras para a reconstrução do prédio da UNE.

A UNE no século 21
Neste início de século 21, o movimento estudantil diversificou sua atuação, em direção às principais demandas da juventude brasileira. A UNE se mobiliza em grandes Bienais, que valorizam áreas como ciência, tecnologia e esporte, em movimentos de estudantes negros, mulheres, gays, lésbicas e outros grupos. Em 2008, a entidade realizou mais uma caravana nacional, desta vez pautando também temas como a saúde e qualidade de vida da população jovem brasileira. Além disso, a UNE tem papel central na Organização Continental Latino-Americana e Caribenha de Estudantes (OCLAE), integrando suas lutas às dos jovens dos demais países do continente. O movimento estudantil brasileiro hoje defende bandeiras como a do software livre, inclusão digital, meio ambiente, segurança pública e o protagonismo positivo do Brasil, enquanto nação emergente, no novo cenário mundial.

Em 2010, a UNE apoiou no segundo turno a candidatura de Dilma Rousseff, ex-militante estudantil que se tornou primeira mulher presidente do Brasil. Duas conquistas histórica nesse período marcam o movimento estudantil: a aprovação da PEC da Juventude no Congresso Nacional, incluindo na constituição o termo juventude e dessa forma reconhecendo os direitos dessa parcela da sociedade, e a aprovação da emenda ao projeto de lei do Pré-sal que garante a destinação de 50% do fundo social, que irá gestar os recursos da camada do novo petróleo brasileiro, exclusivamente para a educação.

Carneiro, Terezinha Lindgren

  • Dado não disponível
  • Pessoa
  • S/D

Terezinha Lindgren Carneiro nasceu em Niterói. Formada em biblioteconomia em 1958 no curso superior da Biblioteca Nacional, cursou também a Escola de Biblioteconomia e Documentação do Instituto Santa Úrsula e o Curso de Geografia e História da Pontifícia Universidade Católica. Atuou como bibliotecária no Ministério da Justiça e Negócios Interiores, como professora de Biblioteconomia e Arquivística do Curso de Secretariado do Estado da Guanabara e como Documentalista do Ministério das Relações Exteriores.

Abib, Jamil Nassif

  • Dado não disponível
  • Pessoa
  • 1940-

Monsenhor Jamil Nassif Abib, ou padre Jamil, nasceu em Caritar (SP). Foi ordenado sacerdote na Catedral de Piracicaba no dia 09 de janeiro de 1966 pelo rito Bizantino Greco-melquita, pela imposição das mãos de dom Elias Coueter. No dia 16 do mês seguinte, iniciou seu trabalho em Rio Claro. Em 1969 foi transferido para Santa Maria da Serra e, em 1973, para a Paróquia Santa Cruz e São Dimas, em Piracicaba. Em fevereiro de 1975, retornou a Rio Claro, tomando posse como pároco da Paróquia São João Batista e assumindo também a missão de Vigário Episcopal da Região Pastoral de Rio Claro. Foi agraciado com o título de Monsenhor Capelão Pontifício, nomeado pelo Papa João Paulo II em 6 de setembro de 1988.
Desde fevereiro de 2006 é pároco da Catedral da cidade de Piracicaba, coordenando também as capelas São Benedito, Nossa Senhora Aparecida, Divino Espírito Santo e Nossa Senhora das Graças (Dispensário dos Pobres).
Possui especialização em museologia, arquivologia e arte sacra e mestrado em história. Ele se destaca na área de história, história da Igreja, museologia, patrimônio histórico e artístico e filatelia, tendo sido por muitos anos, conselheiro do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat).
Como pesquisador do Centro de Estudos e Pesquisas para a História da Igreja no Brasil (CEPEHIB), atua nas questões ligadas à necessidade de definição de uma política cultural e documental voltada para os arquivos eclesiásticos e juntou, ao longo de anos de trabalho, imensa coleção documental sobre a Igreja Católica no Brasil.

Marques, Geraldo de Majella Fidelis de Moura

  • Dado não disponível
  • Pessoa
  • 1961-

Geraldo de Majella Fidelis de Moura Marques, natural de Anadia, migrou para Maceió em 1969, onde desenvolveu sua militância no movimento estudantil, tendo sido presidente do Centro Cívico do Colégio Guido de Fontgalland.
Cursou História entre os anos 1980-1985 no Centro de Estudos Superiores de Maceió (CESMAC), onde foi presidente do Diretório Acadêmico desse curso.
Foi militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB) entre 1979 e 1991, integrando sua Direção Nacional. Entre 1984-1985, realizou formação política na extinta URSS.
Entre 1991-1999 esteve filiado ao Partido Popular Socialista (PPS), participando por um breve período de sua Direção Nacional. Em 2007 bacharelou-se em Direito.
Exerceu diversos cargos públicos, dentre os quais os de coordenador de Cidadania e Direitos Humanos da Prefeitura Municipal de Maceió, secretário da Reforma Agrária do Estado de Alagoas e presidente da Fundação Universidade Estadual de Alagoas (FUNESA – atual UNEAL).

Mathias, Gilberto

  • Dado não disponível
  • Pessoa
  • 1950-1987

Filho de Simão Mathias e Ruth Ann Mathias, Gilberto Mathias conclui os estudos secundários em 1967, no Colégio Santa Cruz, em São Paulo. Iniciou sua participação política muito jovem, no Partido Operário Comunista (POC) onde dirigiu as atividades de divulgação e imprensa junto ao setor operário; foi também diretor regional da POC-São Paulo.
Aluno da Faculdade de Filosofia, ainda na Maria Antonia, não concluiu seus estudos pois em junho de 1969 entrou para a clandestinidade, seguindo para Paris no mês de setembro, onde viveu até sua morte em 1987.
Em Paris cursou Sociologia na Universidade de Paris VIII. Em 1974 tornou-se colaborador da revista Critiques de l’Économie Politique, inicialmente com o pseudônimo de Fernandes e colaborou em diversas revistas latino-americanas. Doutorou-se em 1983 e publicou com Pierre Salama, O Estado Superdesenvolvido: ensaios sobre a intervenção estatal e sobre as formas de dominação do capitalismo contemporâneo, pela Brasiliense, em 1983, com tradução de Carlos Nelson Coutinho. Lecionou Economia na Universidade de Paris-I.

Voz da Unidade

  • Dado não disponível
  • Entidade coletiva
  • 1980-1991

O jornal Voz da Unidade surgiu em março de 1980, em São Paulo, como periódico legal dos comunistas. A primeira equipe de coordenação do jornal foi: Henrique Cordeiro (diretor) e Armênio Guedes, Lindolfo Silva, Teodoro Mello, Gildo Marçal Brandão (conselheiros editoriais). Por todo o país, os militantes “Amigos da Voz” montaram comitês de apoio e difusão do jornal, nos bairros, escolas e locais de trabalho com a finalidade e obter legitimidade, maior popularidade e, em diversos momentos, angariar fundos para sua continuidade.
Defendeu as idéias democráticas veiculadas pelos militantes comunistas em todo o país e foi também incentivador das campanhas internas e externas do Partido.
O jornal foi publicado até o 9º Congresso do Partido Comunista Brasileiro, em 1991.

Movimento Feminino pela Anistia e Liberdade Democrática

  • Dado não disponível
  • Entidade coletiva
  • 1975-1999

Instalação em dezembro de 1975 do núcleo Rio de Janeiro do MFPA, oriundo da Direção Nacional de São Paulo. Sua estratégia consistia na conscientização, persuasão e ação como grupo político de pressão, evidenciando ao governo e à nação a necessidade da anistia. Essa estratégia permitiu uma estrutura nacional ao movimento e conquistou o respeito da opinião pública. No ano de 1977, a Direção Nacional em São Paulo, realizou o primeiro encontro dos núcleos de todo o país, que estabeleceu a autonomia de cada núcleo, mantendo, porém, os objetivos fundamentais da entidade nacional: a defesa da anistia geral e irrestrita e o protesto contra os atos de exceção. Em 1978 o MFPA lançou o jornal “Maria Quitéria”, publicação voltada exclusivamente para a Anistia e Direitos Humanos. No mesmo ano, o núcleo do Rio de Janeiro criou no Teatro de Bolso, o Núcleo dos Artistas, Músicos e Atividades congêneres pró-Anistia. Com a anistia, em 1979, o movimento não cessou o seu trabalho. Entretanto, o ano de 1980, iniciou-se com divergências dentro do MFPA-RJ.

O Rio de Janeiro, então, desligado da estrutura nacional, em 08/05/1981 transformou-se no Movimento Feminino pela Anistia e Liberdades Democráticas, ampliando a sua luta. Seus objetivos e finalidades eram: defender a ampliação da anistia já decretada, para transformá-la em ampla e irrestrita, abrangendo a todos os exilados políticos que ainda não haviam retornado; permitir a readmissão de todas as pessoas demitidas pelas leis de exceção; elucidar os casos relativos aos mortos e desaparecidos; lutar contra as “cassações” brancas e as leis de exceção até que fossem erradicadas; mobilizar e conscientizar a população nas lutas pelos direitos fundamentais da pessoa humana; empreender ações patrióticas contra as intenções e atos nocivos aos anseios democráticos do povo brasileiro; promover a elevação cultural, social, cívica e política da mulher brasileira, orientando-a para a compreensão e defesa de seus direitos na sociedade, nos moldes dos ideais democráticos; apoiar entidades nacionais e internacionais que lutavam pelas liberdades democráticas.

Em 02/12/1999, na comemoração dos 20 anos da Anistia, na Associação Brasileira de Imprensa – ABI, a entidade considerou que o processo da Anistia havia terminado, apesar de não ter atingido a meta pretendida pelo movimento. Assim, foi apresentado como pauta o encerramento das atividades do Movimento Feminino pela Anistia e Liberdades Democráticas como entidade organizada.

Departamento Geral de Investigações Especiais

  • Dado não disponível
  • Entidade coletiva
  • 1975-1983

O primeiro órgão de polícia política no Rio de Janeiro foi a Seção de Ordem Social e Segurança Pública, instituída na estrutura da Inspetoria de Investigação e Segurança Pública, criada pelo Decreto n.º 14.079 (25/02/1920). No governo Arthur Bernardes, a polícia política amplia a sua estrutura com a criação da 4ª Delegacia Auxiliar, pelo Decreto n.º 15.848 (20/11/1922), responsável pela segurança política e social, além da repressão ao anarquismo e à expulsão de estrangeiros. Em 1933, foi estabelecida a primeira delegacia especializada de polícia política – Delegacia Especial de Segurança Política e Social, que atuou na repressão à Aliança Nacional Libertadora, ao Partido Comunista a partir de 1935, e à Ação Integralista Brasileira em 1937. Em 1944, foi criada a Divisão de Polícia Política e Social, que tinha como incumbência reprimir as atividades dos militantes do Partido Comunista, além de investigar e manter vigilância sobre lideranças de partidos políticos legais. Com a transferência da capital do país para Brasília, a polícia política foi integrada à estrutura do estado da Guanabara. Em 1962, foi criado o Departamento de Ordem Polícia Política e Social, que atuou na repressão aos sindicatos, entidades, estudantes, artistas e intelectuais. Com a criação do novo estado do Rio de Janeiro, em 1975, foi organizado o Departamento Geral de Investigações Especiais, cujas funções de polícia política foram extintas em 1983.

Serviço Estadual de Informações

  • Dado não disponível
  • Entidade coletiva
  • 1973 - 1995

Através da Lei n. 1784, no ano de 1973, ocorre uma reestruturação administrativa no âmbito da Secretaria de Segurança, quando é criado o Serviço Estadual de Informação. O SEI seria responsável pela coordenação das relações entre os órgãos internos de segurança e os externos. O SEI é criado com as atribuições de editar, classificar, interpretar, criptografar e arquivar informações de interesses da ordem política e social e da segurança interna; atuar em conjunto com os órgãos federais; e com atividades de contra-informações. Com o Decreto 2710 de 1973, competia à Secretaria de Segurança Pública “ fornecer relatórios quanto às atividades de grupos anti-sociais e sociedades de criminosos”. Esse regimento define a SEI como sendo o órgão que fará a ponte entre as forças estaduais e as federais.
As atividades do Serviço Estadual de Informação se encerram em 1995 por força da Lei 3591.

Comitê de Defesa dos Direitos Humanos para os Países do Cone Sul

  • Dado não disponível
  • Entidade coletiva
  • 1977-1991

O Comitê de Defesa dos Direitos Humanos para os Países do Cone Sul (CLAMOR) foi fundado em 1977, por iniciativa de um grupo de leigos cristãos apoiados pelo arcebispo de São Paulo, cardeal Paulo Evaristo Arns.
Órgão vinculado à Comissão Arquidiocesana de Pastoral dos Direitos Humanos e Marginalizados, seu objetivo inicial era proporcionar proteção e assistência aos refugiados dos países do Cone Sul - Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai - vítimas de violações dos direitos humanos e vivendo no exílio em consequência das arbitrariedades do autoritarismo vigente nesses países, durante o período de 1960 a 1980, aproximadamente.
O nome CLAMOR, pelo qual o Comitê passou a ser conhecido, foi retirado do Salmo 88,2 - "inclina teu ouvido a meu clamor" -, enfatizando uma de suas principais características: denunciar as contínuas violações dos direitos humanos ocorridas na América Latina.
A equipe do CLAMOR era formada por cerca de dez pessoas, das quais apenas uma - a secretária - trabalhava tempo integral. Os demais membros se reuniam uma vez por semana para definir as tarefas que deveriam realizar. Um dos principais responsáveis pela fundação do CLAMOR, foi o reverendo Jaime Wright, presidente do organismo durante vários anos, dele desligando-se em 1984, para cuidar de outras atividades também na área de direitos humanos.
As principais atividades desenvolvidas pelo CLAMOR eram a realização de conferências de imprensa, nas quais se denunciavam violações de direitos humanos; seminários de caráter internacional referentes à situação dos países do Cone Sul; e campanhas pelas crianças desaparecidas, em conjunto com a Associação "Abuelas de Plaza de Mayo", tendo prestado vital colaboração na localização de crianças e adultos. Outra atividade do Comitê era a elaboração de informes gerais sobre violação dos direitos humanos que ocorriam no Cone Sul, de cartilhas e folhetos críticos da doutrina de Segurança Nacional e divulgadores dos valores democráticos.
O Boletim CLAMOR, publicação de periodicidade irregular, trazia informações sobre as atividades da organização, notícias e análises da situação do Brasil e dos países do Cone Sul, assim como notícias e documentos mais gerais sobre direitos humanos. Era editado em português, inglês e espanhol.
Durante a sua existência, o Comitê de Defesa dos Direitos Humanos para os Países do Cone Sul manteve intercâmbio constante com muitas organizações afins, tanto do Brasil, quanto da América Latina e do Norte, e da Europa, tais como: Human Rights Internet (HRI), Comisión Chilena de Derechos Humanos (CCDH), Federación Latinoamericana de Asociaciones de Familiares de Detenidos Desaparecidos (FEDEFAM), Asociación Centroamericana de Familiares de Detenidos Desaparecidos (ACAFADE), Consejo de Educación de Adultos de América Latina (CEAAL), Comisión Andina de Juristas, SOS Torture, Madres e Abuelas de Plaza de Mayo, Amnistia Internacional, Asemblea Permanente por los Derechos Humanos (APDH), Servicio Paz e Justicia (SERPAJ), Centro Ecumênico de Documentação e Informação (CEDI), Fundación de Ayuda Social de las Iglesias Cristianas (FASIC), United Nations, entre outras.
Com a abertura política do início da década de 80 e o consequente fim dos regimes autoritários na região do Cone Sul, paulatinamente, o CLAMOR foi perdendo a sua principal função - de proteger e assistir os refugiados políticos -, extinguindo-se em 1991.

Instituto Astrojildo Pereira

  • Dado não disponível
  • Entidade coletiva
  • 1985?-

Fundado em 1992, o Instituto Astrojildo Pereira foi criado como instrumento institucional responsável pela propriedade e administração do ASMOB (Archivo Storico Del Movimento Operaio Brasiliano), antes mesmo da repatriação dos arquivos para o Brasil, que só ocorreu em 1994.

Desde a chegada dos arquivos ao Brasil, o IAP estabeleceu convênio de custódia com o Centro de Documentação e Memória da Universidade Estadual Paulista (CEDEM-Unesp), que até hoje guarda, atua na preservação e garante o acesso público à valiosa documentação do ASMOB.

A parceria com a Unesp também se reflete na Revista Novos Rumos, ligada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Unesp-Marília e na associação com o Grupo de Pesquisa Cultura e Política do Mundo do Trabalho da Faculdade de Filosofia e Ciências, também da Unesp-Marília.

Ao longo dos anos, o IAP passou por diversas fases, acompanhando a dinâmica complexa da realidade na qual se inscreve e hoje assume, mais uma vez, a responsabilidade de preservar e divulgar a memória das lutas sociais travadas pela classe trabalhadora. Nesse sentido, associando o resgate da memória do movimento operário aos debates contemporâneos de temas pertinentes à classe trabalhadora, o IAP também busca promover a formação política voltada, sobretudo, às parcelas da população mais afetadas pela perversidade da lógica do capital.

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